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Soluções tecnológicas que constroem o futuro

Com presença em Portugal há mais de 30 anos, o Grupo Thales atua em diversas áreas, nomeadamente Transportes Terrestres, Defesa, Aeronáutica, Espaço, Segurança e Cibersegurança. Em entrevista à Revista Qualidade & Inovação, João Araújo, Presidente do Conselho de Administração da Thales em Portugal, destacou os principais desafios e projetos do grupo.

 

Apresente-nos o universo e o percurso de crescimento da Thales Portugal.

As atividades desenvolvidas pelo Grupo THALES em Portugal iniciaram-se nos finais da década de 80, por duas vias separadas que mais tarde vieram a convergir numa só presença Thales em Portugal. Uma destas vias foram as atividades desenvolvidas pelo Grupo ALCATEL, no setor do Transporte Terrestre, Metro e Ferrovia e a outra foi através da participação direta da Thales no capital da empresa EDISOFT, à data a operar apenas no setor Naval.

Em 1988, a constituição da EDISOFT resultou da necessidade de fixar em Portugal o conhecimento e a tecnologia associada aos Sistemas de Gestão de Combate (CMS) Thales instalados nas Fragatas Meko, recentemente adquiridas pela Marinha Portuguesa, de modo a garantir em Portugal toda a manutenção e evolução destes sistemas THALES. Desde então que a EDISOFT alargou os domínios de atuação aos mercados do Espaço, Aeronáutica e Controlo de Tráfego Aéreo.

Na mesma altura, registou-se o grande passo na evolução da ferrovia portuguesa, através do lançamento do Plano de Modernização da Rede Ferroviária Nacional. No âmbito deste plano, a implementação de novas tecnologias eletrónicas deram a oportunidade para que a ALCATEL criasse uma organização técnica local e introduzisse as novas tecnologias que hoje integram o Grupo Thales.

Em 2007, deu-se a aquisição, por parte do Grupo THALES, de toda a estrutura da área de Transportes do Grupo ALCATEL, na qual se integraram as atividades da EDISOFT.

Desde 2000, as equipas da atual THALES Portugal marcam presença em mais de 20 países, operando em projetos de importante dimensão e contribuindo para o desenvolvimento da mobilidade em países como, por exemplo, Dubai, Brasil, África do Sul, Turquia, Panamá.

Um dos maiores players em todos os setores de atuação do Grupo.

Anos mais tarde, a necessidade de alargar horizontes noutros domínios levou ao aumento da quota de participação na portuguesa EDISOFT para 65 por cento, colocando o Grupo THALES, em Portugal, como um dos maiores players em todos os setores de atuação do Grupo – Transportes Terrestres, Defesa, Aeronáutica, Espaço, Segurança e Cibersegurança.

Esta forte presença é materializada através de dois importantes Centros de Competências do Grupo THALES, um dedicado à área dos Transportes e outro à Gestão de Tráfego Aéreo, bem como pelo desenvolvimento de atividades no setor Espacial.

Destacam-se na área do Aeroespacial e da Defesa através da Edisoft, empresa que produziu o primeiro software (RTEMS) para a Agência Espacial Europeia (ESA). Descreva como aconteceu este convite e o que significa para o posicionamento do grupo nesta área.

A EDISOFT atua no setor Aeroespacial há mais de duas décadas. Durante este percurso, inúmeros projetos foram desenvolvidos para a ESA, sendo que alguns deles foram pioneiros e inovadores nas suas áreas de atuação. O RTEMS by EDISOFT é um deles, um sistema operativo em tempo real desenvolvido e validado para a ESA, para funcionar em condições muito exigentes de fiabilidade, garantindo execução de processamentos em tempos determinados.

Esta “história” começou quando, em 2005, a EDISOFT percebeu que a Europa dependia dos EUA, em termos de Sistemas Operativos, para a área espacial, e propôs à ESA ser o agente de “independência europeia”. A EDISOFT começou a desenvolver o RTEMS para ESA, em 2006, tomando como base um sistema que não reunia condições para ir para o Espaço e, desde então, mais de 40 missões espaciais incorporaram instâncias deste sistema operativo.

O relacionamento com a ESA foi determinante para sustentar e construir todo o negócio de Espaço da EDISOFT. Através de sucessivos contratos com a ESA, a mestria tecnológica aerospacial tem vindo a ser consolidada ao longo destes anos, sustentando a nossa ambição neste setor único.

Em 2015, inauguraram um Centro de Inovação e assinaram acordos de cooperação com o Instituto Superior Técnico, com a ANA (VINCI airports) e a Infraestruturas de Portugal. Quais foram os principais objetivos destes acordos e quais os projetos que pode dar ênfase?

O Centro de Inovação da Thales Portugal tem como objetivo resolver problemas reais através de uma utilização diferente e inovadora de tecnologias e conceitos já existentes, traduzindo essas soluções em produtos comercializáveis.

Para este objetivo é fundamental a participação ativa dos parceiros que convidamos para integrar estes centros e que são: End-Users, quem nos apresenta os problemas e se disponibiliza para os testar em condições reais, à procura de uma solução que melhore as suas operações; as Universidades, com todos os seus conhecimentos académicos prontos para passarem à realidade, com o seu espírito irreverente e inovador e a sua capacidade de trabalho e de investigação; as PME’s que nos trazem componentes tecnológicos específicos e, por fim, a Thales com todo um portfólio de soluções e tecnologia, uma capacidade de R&D de dimensão Mundial, suporte industrial global e a sua capacidade de produtificar e colocar produtos em todo o mundo.

Em 2017, a parceria com a ANA/VINCI viu ser reconhecido o seu trabalho no desenvolvimento da solução THALES I-Sense de gestão de fluxo de passageiros, com a distinção do prémio Internacional VINCI Innovation, na categoria de Management.

Em 2018, celebrámos um acordo de cooperação com a Universidade do Porto, para exploração de novas soluções nos domínios da Cibersegurança, IoT e Proteção de Dados.

Num âmbito mais alargado temos a salientar a parceria com o IST, com quem mantemos o acordo de cooperação que se desenvolve através de apoios a Doutoramentos e Mestrados, bem como a integração de estagiários nas atividades da Thales.

Mais recentemente  fazemos parte do consórcio (BGI e IASA) do RIS HUB Portugal implementado no âmbito das atividades do EIT Urban Mobility.  Este  programa promete incentivar ideias e soluções inovadoras para melhorar a situação do tráfego e resolver outros problemas de mobilidade urbana no país.

O sucesso da Thales Portugal é inequívoco. Apresente os projetos que pretende vingar em Portugal nos próximos anos.

O caminho é desafiante e promete marcar a evolução e o desenvolvimento de setores importantes em território nacional e internacional. Falo naturalmente da Mobilidade e Sistemas de Transportes, considerando que em Portugal somos também a unidade da THALES encarregue pelo desenvolvimento de novas soluções e conceitos de Mobilidade através da nossa Plataforma de Mobilidade.

A nível nacional, existe a satisfação por continuarmos a contribuir para a evolução da ferrovia com o projeto de implementação da nova geração do sistema de sinalização ETCS nível dois, em toda a linha da Beira-Alta, Linha do Douro (Caíde-Régua) e Linha do Norte (estação da Pampilhosa), que arrancou no início de 2020.

A Cibersegurança, uma das áreas fortes de atuação, será também o motor dos próximos projetos, que por questões de confidencialidade, não posso detalhar. A implementação de soluções de Cibersegurança, não só na obtenção e reforço da fiabilidade das Instituições, mas também no design dos projetos de Mobilidade, trará novas abordagens e tendências no setor dos Transportes.

O caminho é desafiante e promete marcar a evolução.